segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Disse que me disse: Siza Vieira e suas intervenções

Considerado um dos mais importantes arquitetos contemporâneos do mundo, o português Álvaro Siza Vieira tem obras de sua autoria espalhadas por toda a Europa - como a Faculdade de Arquitetura da Cidade do Porto, "apresentada" para nós pela professora Vanessa na última aula. Para nossa sorte, os projetos de Siza não se restringem ao Velho Mundo, e estão presentes em países como Coréia do Sul, Estados Unidos e no Brasil também. Selecionado para projetar o Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre, Siza assinou seu primeiro projeto no Brasil sob aplausos de dezenas de publicações e de especialistas da área.

Museu Iberê Camargo

Iluminação artificial do Museu

Espaços abertos do Museu
Iluminação natural do Museu

Assim como na Faculdade de Arquitetura da Cidade do Porto, Siza procura explorar ao máximo da iluminação natural, "rasgando" a parede em determinados pontos e instalando vitrôs e clarabóias. A iluminação artificial não é deixada de lado, sendo feita a partir de grandes painéis.

No Museu Iberê Camargo - definido por Siza como uma “quase escultura” - luz, textura, movimento e espaço são cuidadosamente explorados - o que favorece a relação direta entre o espectador e a obra de arte e torna o contato com o trabalho do artista Iberê Camargo ainda mais rico. Apesar de não fugir da lógica de percurso que todo museu traz, o espaço apresenta nuances de liberdade com ambientes que dialogam entre si. Inaugurado em Outubro de 2005, o projeto foi previamente coroado com o Leão de Ouro da 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza em Setembro de 2002. O arquiteto desde cedo se empenhou no projeto de não ser tradicionalista, sem contudo abandonar suas raízes, construindo uma obra caracterizada pela incessante busca do novo. São próprias dos projetos de Siza a complexidade formal e a simplicidade do desenho, com investidas constantes nos planos horizontais, na clareza das formas e no requinte dos espaços.

Fonte: http://www.iberecamargo.org.br

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Proibido deitar

Proibido deitar: este é o título da intervenção urbana produzida pelo grupo O Clube Teatro e Variedades, sendo mais um dos espetáculos do FIT (Festival Internacional de Teatro), encerrado ontem. Dirigida por Rita Clemente e com elenco formado por Daniel Toledo, Carolina Rosa, Isaías Campara, Patrícia Siqueira e Regina Ganz, a peça aconteceu às 11 horas, no Parque Municipal da cidade. O ponto de partida da obra, presente em seu título, foi o pouco comum, além de autoritário, comando pintado nos bancos do parque: é proibido deitar. A peça buscou fazer com que o público refletisse sobre o espaço urbano e a nossa inserção nele.
Cartaz publicitário da peça

As intervenções urbanas, pelo que percebi ao assistir à peça, nos introduzem num campo de sensações e trabalham com o envolvimento da platéia, modificando o significado e a noção do senso comum que temos da nossa relação com o espaço.
Uma das intervenções da peça
Na cena acima, os travesseiros e colchões pendurados no alto das árvores remetem aos efeitos do sono (ou da falta dele) sentidos pelos personagens no decorrer da apresentação. Simbolizam também, e isso é explicitado durante o espetáculo, tudo aquilo que é para nós inalcançável: os sonhos que não realizamos, a coragem que não temos, as emoções que sufocamos.

Além de ser uma peça bonita de se ver, por interagir com o espaço natural do Parque, existe ainda uma questão "política" que envolve o tema em questão. Quem escreveu a mensagem nos bancos? Por que? Baseado em que lei? Haveria outra forma de conciliar melhor e ao mesmo tempo o ambiente, o patrimônio público e o nosso direito ao lazer? Ficam as perguntas, já que a peça não as responde.

Valeu a pena ter ido conferir! O espetáculo esclareceu a noção superficial que eu tinha sobre o que realmente é uma intervenção urbana, e isso será importante no decorrer do curso.