quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Positivismo despercebido.

   Enquanto a gente esta aí, enrolado com planilhas Excel e contas a pagar, pensando na morte da bezerra ou se hoje a noite, quem sabe, enquanto assiste a novela, vai cortar as unhas do pé, coisas incríveis acontecem pelo mundo. E muitas vezes não nos damos conta disso.
   Estava no horário de almoço, pensando no tamanho que a fila da balança alcançaria até que eu chegasse no restaurante, quando de repente vi, reluzindo ao Sol do meio-dia. Fazia aquele trajeto sempre, há anos, mas nunca havia reparado com atenção a praça até que o inusitado me despertasse. Em um instante a preocupação com o tamanho da fila da balança do restaurante, que a essa altura deveria estar enorme, desapareceu, cedendo lugar à curiosidade. Imaginei se eu não ficaria muito ridículo parado ali, apertado dentro do terno, tentando entender o motivo daquele objeto. Quando percebi que todos que passavam também estavam muito preocupados com o almoço e com planilhas Excel, tomei coragem e atravessei a rua.
  Estavam ali, e a primeira idéia que tive foi de me esconder do Sol dentro daquele espaço. Também poderiam me proteger da chuva, mas não era esse o caso. Assentei. O ar fresco da sombra descansou meu corpo. Parecia que a adolescência havia sido na ultima quinta feira. Estava ali, nos adolescente que saiam da escola sorrindo, no senhor da banca que parecia viver sem se preocupar com o relógio, na vida que corria devagar. Sentei e continuei sem entender o motivo do lugar, mas percebi o convite à reflexão que o espaco propunha e o quão nostálgico ele poderia ser.
  Depois de algum tempo, me levantei e fui embora, a preocupação com a fila finalmente havia me vencido. Voltei na próxima semana, quando já não havia mais nada. Havia apenas a praça, que parecia outra depois que eu finalmente a enxerguei. Coisas incríveis realmente acontecem pelo mundo, o que precisamos é saber parar para ver e apreciar.

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