quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Disse que me disse: Villa Arpel x Villa Savoye

Desde o nome até o detalhes, nada é mera coincidência entre a Villa Arpel e a Villa Savoye. Projetada em 1928 por Le Cobusier, a Villa Savoye retrata na realidade tudo aquilo que a Villa Arpel é como cenário. Nos dois edifícios, inseridos no novo e extraordinário mundo moderno, tudo tem um propósito, tudo serve a um determinado fim. E "tudo se comunica".

Villa Savoye
Villa Arpel
 Le Cobusier recomendava que as chamadas casas do futuro fossem ascéticas e limpas, diciplinadas e econômicas. As cozinhas, ainda assim, eram equipadas com todas as conveniências de sua época. É nesse espaço tão automatizado que o pequeno Gérard deve comer o ovo esterilizado que sua mãe lhe serve.

Cozinha Villa Savoye
Cozinha Villa Arpel

Delícia!

A influência da ciência continua no interior dos ambientes, e se dá nos dois edifícios. A porta da frente, de aço, abre para um hall de entrada tão limpo, claro e nu quanto uma sala de cirurgia.

Hall Villa Savoye


Hall Villa Arpel

Outra curiosa semelhança entre as duas obras está na escada. Fugindo do ideal modernista, as escadas fazem mais do que apenas levar as pessoas até o andar de cima: sugerem um estado de espírito, evocam o belo e sua leveza.

Escada Villa Savoye


Escada Villa Arpel
Apesar dos pesares, a linguagem científica é sedutora. A tecnologia foi - ou mesmo é - a lenha ardente dos modernistas. Falar de tecnologia tratando-se da casa de alguém era apelar à força de maior prestígio na sociedade, responsável pela penicilina, pelos telefones e aeroplanos... Quem recusaria o percurso arquitetônico proposto pela Villa Savoye? Ou ainda, nas palavras de Iñaki Abalos, "quem não terá sentido a beleza das obras mais radicais de Le Corbusier? Quem não desejaria, nem que fosse por uma temporada, viver em uma das fantásticas máquinas de morar?"



Fonte: Alain de Botton - A arquitetura da felicidade
Iñaki Abalos - A boa vida
http://www.youtube.com/watch?v=3ChtM71axgA

2 comentários:

  1. Carol, muito boa essa comparação!

    Pelo menos eu, tenho uma crítica muito ácida com relação a arquitetura Courbusiana.
    Mas penso na época, ela devia ser extremanente sedutora, revolucionária, enigmática.
    Naquela época, a grande maioria das cidades não eram dotadas de acepcia que vemos hoje.
    Devia vender tudo que os "aspirantes a ricos" queriam: Um lugar limpo/organizado para viver.

    O que eu não entendo é, estamos em 2010 e vermos esse tipo de arquitetura sendo idolatrada e usada intensamente.
    Fico observando as "premisas modernas", de segregação do espaço, das pessoas, do mundo serem vendidas no sinal, na tv, em todos os lugares.

    As vezes me pergunto se as pessoas pensam...

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  2. Acredito que o modernismo hoje pode ser associado a conceitos de elegância e requinte, onde "mais é menos", ainda que não esteja associado à ideia de conforto e apropriação dos próprios moradores/usuários do ambiente. Controverso, não? Ao mesmo tempo que o modernismo traz a praticidade, o desenvolvimento, rouba o "lar". Intrigante pensar nisso...

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